Mestre Damasceno recebe Ordem do Mérito Cultural no Rio de Janeiro

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Artista marajoara é homenageado por sua contribuição à cultura popular brasileira.
Foto: Camila Lima / Portal Cultura.

O paraense Mestre Damasceno foi um dos nomes reconhecidos nesta terça-feira (20), no Rio de Janeiro, com a Ordem do Mérito Cultural (OMC) — a mais importante homenagem concedida pelo Ministério da Cultura a indivíduos e instituições que atuam na preservação e valorização das expressões culturais do Brasil.

A cerimônia aconteceu no Palácio Gustavo Capanema, no centro da capital fluminense, e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra da Cultura, Margareth Menezes. A edição deste ano marca os 40 anos de criação do Ministério da Cultura e presta tributo a figuras que têm papel essencial na manutenção da identidade e diversidade cultural do país.

Natural de Salvaterra, no arquipélago do Marajó (PA), Damasceno construiu ao longo de mais de cinco décadas uma trajetória dedicada à música, à oralidade e à criação de manifestações populares autênticas da região. Mesmo após perder a visão aos 19 anos, em um acidente de trabalho, seguiu reinventando sua vida por meio da arte, tornando-se referência no carimbó tradicional, nas toadas marajoaras e nas encenações do Búfalo-Bumbá, espetáculo que funde teatro popular, cultura quilombola e elementos da natureza amazônica.

Com mais de 400 composições e seis discos lançados, Mestre Damasceno é símbolo da resistência cultural do Norte do Brasil. Em agosto, ele também será um dos homenageados da 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, em Belém.

Ao receber a comenda, Damasceno celebrou suas raízes quilombolas e o legado dos antepassados: “São mais de 50 anos de dedicação às tradições do Marajó. Esse reconhecimento fortalece ainda mais meu compromisso com a cultura popular. Ainda tenho muito a fazer.”

A homenagem foi celebrada também pela Secretaria de Estado de Cultura do Pará (Secult). Para o secretário em exercício, Bruno Chagas, a condecoração reafirma a importância da cultura amazônica no cenário nacional: “Damasceno é uma das maiores representações da cultura viva do nosso estado. Homenageá-lo é também dar visibilidade à arte que nasce no interior do Pará, carregada de ancestralidade e sabedoria.”

Legado no Marajó

Mestre Damasceno é idealizador do Búfalo-Bumbá de Salvaterra, criado em 2012, espetáculo que une elementos do auto do boi com a musicalidade, o artesanato e os rituais da tradição quilombola marajoara. Ele assina roteiros, composições, cenários e figurinos das apresentações, sendo responsável por cada detalhe artístico da encenação.

Dois anos depois, em 2013, fundou o Conjunto de Carimbó Nativos Marajoara, grupo que já lançou quatro álbuns com o estilo “pau e corda”, característico da região. Também idealizou o Cortejo Carimbúfalo, que mistura carimbó com Búfalo-Bumbá em desfiles pelas ruas de Salvaterra, e o Festival de Boi-Bumbá da cidade, que reúne grupos quilombolas e fortalece o intercâmbio cultural entre comunidades.

Sobre a condecoração

Instituída em 1991, a Ordem do Mérito Cultural é uma das principais honrarias da cultura brasileira. Em 2024, foi entregue a artistas e mestres reconhecidos por sua atuação em defesa das tradições e da pluralidade cultural do país, como parte da celebração dos 40 anos do Ministério da Cultura.

Documentário a caminho

A história de vida e o legado de Mestre Damasceno também serão tema de um documentário dirigido por Guto Nunes. O filme, em fase final de produção, tem lançamento previsto para julho de 2025, com apoio da Lei Paulo Gustavo (Secult/PA).

Com informações do Agência Pará e da assessoria de comunicação do Mestre Damasceno.

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