Hospital Ophir Loyola alerta para sintomas e fatores de risco da Doença de Parkinson

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Unidade referência no Norte do Brasil reforça importância do diagnóstico precoce e da conscientização sobre causas ambientais da doença
Uma mão tremula segurando um copo de agua transparente
Foto: Divulgação

Em Belém, o Ambulatório de Distúrbios do Movimento do Hospital Ophir Loyola (HOL), referência no tratamento de doenças neurológicas na Região Norte, tem intensificado a conscientização sobre os fatores de risco e os sintomas iniciais da Doença de Parkinson. A unidade, que atende exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por meio da Central de Regulação, oferece acompanhamento especializado a cerca de 100 pacientes diagnosticados com a condição.

Segundo o neurologista do HOL, Bruno Lopes, o Parkinson é uma doença neurológica crônica e progressiva causada pela degeneração das células nervosas em uma área do cérebro chamada substância negra, o que compromete os movimentos, o comportamento e outras funções cerebrais.

De acordo com o especialista, além da predisposição genética, fatores ambientais também desempenham um papel importante no surgimento da doença. “Existe uma associação muito forte na literatura científica entre a exposição a pesticidas, como o glifosato e a atrazina, usados principalmente na agricultura, e o surgimento do Parkinson. Mas também há risco no uso de inseticidas comuns em casa, que continuam no ambiente por dias depois da aplicação”, explica.

O contato com esses agentes tóxicos pode ocorrer pela pele, inalação ou ingestão de alimentos contaminados. “O uso contínuo de sprays dentro de casa, ao longo dos anos, pode gerar efeitos cumulativos”, alerta Lopes.

Sinais iniciais muitas vezes passam despercebidos

Mesmo que os tremores, lentidão nos movimentos, rigidez muscular e dificuldade de locomoção sejam sintomas clássicos da Doença de Parkinson, os primeiros sinais podem ser mais sutis. O neurologista destaca que alterações de humor, dores sem causa aparente, perda do olfato e distúrbios do sono estão entre os chamados sintomas prodrômicos — indícios que podem surgir anos antes da manifestação motora da doença.

“As primeiras evidências não são específicas, mas de certo modo prenunciam que a doença poderá surgir nos próximos meses ou anos. Um desses sintomas prodrômicos tem a ver com o sono, que é o que chamamos de distúrbio comportamental do sono REM. É um fenômeno onde, ao dormir, em vez da pessoa sonhar e permanecer parada — que é o normal — ela se movimenta como se estivesse vivendo o sonho", esclareceu.

A importância do diagnóstico precoce

Embora a maior parte dos diagnósticos ocorra em pessoas com mais de 50 anos, o Parkinson também pode afetar indivíduos mais jovens. No HOL, é comum encontrar pacientes na faixa dos 40 anos, e até mesmo abaixo dessa idade, o que pode estar relacionado a exposições ambientais específicas, especialmente em áreas rurais. “A idade é, de fato, o maior fator de risco. Quanto mais velho o paciente, maior a chance de desenvolver essa disfunção neurológica. Aqui, no Hospital Ophir Loyola, temos uma média de pacientes um pouco mais jovens. Muitos estão na faixa dos 40 a 50 anos, e alguns até têm menos de 40. Isso pode estar relacionado a fatores ambientais específicos, como a maior exposição a agrotóxicos em áreas rurais”, ressalta Lopes.

O neurologista Bruno Lopes reforça que a identificação precoce dos sinais, aliada à conscientização sobre os fatores de risco, é essencial para garantir mais qualidade de vida ao paciente. “Embora o Parkinson não tenha cura, com acompanhamento adequado é possível para controlar os sintomas e manter a autonomia por muitos anos”, conclui.