Pará participa de discussão global sobre clima e ancestralidade em fórum na Colômbia
Evento reúne lideranças de quatro continentes para criar Agenda Global de Proteção Climática baseada em conhecimentos ancestrais.

O Estado do Pará está entre os protagonistas do Forum on Indigenous People Wisdom on Protecting Environment (“O Valor da Sabedoria Ancestral para a Proteção do Meio Ambiente”, em inglês) realizado nesta semana em Cartagena das Índias, na Colômbia. O encontro internacional reúne representantes indígenas, autoridades e especialistas da América, Ásia, África e Oceania com o objetivo de construir uma Agenda Global de Proteção Climática baseada nos saberes tradicionais dos povos originários.
A secretária dos Povos Indígenas do Pará, Puyr Tembé, representou o Brasil e a região amazônica no evento, destacando os avanços do estado em políticas públicas que valorizam a cultura indígena e a proteção territorial. “A sabedoria ancestral dos povos indígenas é fundamental para repensar a relação do mundo com a natureza”, afirmou.
Durante a programação, a delegação paraense reforçou o papel da Amazônia e dos povos que a habitam na construção de soluções climáticas sustentáveis. A secretária destacou que a criação da Secretaria dos Povos Indígenas do Pará foi um passo importante para garantir o protagonismo das comunidades indígenas nas decisões políticas e ambientais do estado. “A floresta, os rios, os animais, o céu e a terra fazem parte do nosso corpo coletivo. Não existe separação entre natureza e humanidade”, disse Puyr Tembé em sua fala de abertura.
Ela também ressaltou que os conhecimentos indígenas não pertencem apenas ao passado, mas são tecnologias vivas e fundamentais para o presente e o futuro. “A sabedoria ancestral está nas formas de cultivo, de cura, na organização social e na forma de cuidar da Terra como um ser vivo com direitos”, afirmou.
O fórum é promovido pelo Conselho de Cooperação Sul-Sul para o Desenvolvimento Sustentável (CCSS) e conta com apoio de instituições internacionais. O evento encerrou com a adoção de um documento internacional que vai nortear um programa de longo prazo. A próxima edição já está confirmada para abril de 2026, nas Filipinas, durante a presidência do país na ASEAN.
A construção da Agenda Global parte de uma premissa central: não há soluções eficazes para a crise climática sem escutar os povos que protegem há séculos os territórios ainda preservados do planeta. O documento final será baseado nas trocas realizadas durante o fórum e servirá de referência para iniciativas futuras de proteção ambiental com base em saberes ancestrais.
A participação do Pará no encontro reafirma o papel estratégico da região amazônica nos debates ambientais globais e contribui para o fortalecimento das alianças entre povos tradicionais e instituições engajadas com justiça climática. “Estamos diante de uma crise ambiental profunda. É hora de olhar para as soluções que nascem da floresta, das comunidades, da escuta e do respeito. A sabedoria dos povos indígenas é a chave para um futuro possível”, concluiu Puyr Tembé.
Com informações da Ascom Secretaria dos Povos Indígenas.