Morre Sebastião Salgado, ícone da fotografia mundial e voz das causas humanas

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Foto: Divulgação
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O Brasil e o mundo perderam uma das vozes mais potentes da fotografia documental e do ativismo ambiental. Sebastião Salgado, considerado um dos maiores fotógrafos do século XX e XXI, morreu aos 81 anos em Paris, deixando um legado visual e humanitário que atravessou continentes, fronteiras políticas e barreiras sociais. A causa da morte não foi divulgada oficialmente.

Mineiro de Aimorés, Salgado formou-se economista antes de se dedicar integralmente à fotografia a partir dos anos 1970. Seu olhar se voltou, desde o início, para os deslocamentos humanos, os trabalhadores esquecidos, os refugiados, os povos indígenas, os impactos ambientais e a desigualdade estrutural — temas que registrou com precisão técnica, sensibilidade artística e compromisso ético.

Com obras publicadas em todo o mundo, Salgado integrou a prestigiosa agência Magnum Photos e fundou, ao lado de sua esposa Lélia Wanick Salgado, a agência Amazonas Images e o projeto Instituto Terra, dedicado à restauração ambiental da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce. O projeto, que já recuperou milhares de hectares de floresta, é um dos maiores exemplos de reflorestamento do planeta conduzido por iniciativa civil.

Entre seus trabalhos mais conhecidos estão os livros e exposições “Trabalhadores”, “Êxodos”, “Gênesis” e “Amazônia” — este último, lançado em 2021 após anos de expedições pela floresta, é um tributo à biodiversidade e às culturas indígenas da região.

Sebastião Salgado foi mais que um fotógrafo. Foi um contador de histórias urgentes, um documentarista da condição humana e um ativista da esperança. Suas imagens marcaram o fotojornalismo mundial e ecoaram nas maiores instituições culturais, como o Museu de Arte Moderna de Nova York, a Maison Européenne de la Photographie, em Paris, e o Instituto Moreira Salles, no Brasil.

Ganhador de prêmios como o Príncipe das Astúrias (Espanha), o Prêmio da Paz dos Livreiros Alemães e duas indicações ao Oscar pelo documentário “O Sal da Terra” (2014), dirigido por Wim Wenders e seu filho Juliano Salgado, Sebastião sempre reiterou que fotografar é um ato político e de resistência.

Com a morte de Sebastião Salgado, o mundo perde um dos mais influentes nomes da fotografia contemporânea. Reconhecido por transformar imagens em instrumentos de denúncia e reflexão, ele deixa um legado marcado pelo compromisso com as causas sociais, ambientais e humanitárias, consolidando-se como uma referência ética e estética para gerações de fotógrafos e documentaristas.