Emissoras públicas defendem um papel de liderança mundial no enfrentamento à desinformação

Representantes de entidades nacionais e internacionais estão em São Paulo para uma discussão sobre a atuação das emissoras públicas nas áreas de jornalismo, programação cultural e educação.
O 1º Congresso Internacional de Emissoras Públicas da USP, que está sendo realizado até esta quinta-feira (22), pretende fomentar debates sobre o papel das emissoras públicas, destacando sua contribuição para o jornalismo de qualidade, o fortalecimento da democracia, a valorização da pluralidade, a programação cultural e a promoção da educação midiática, sempre orientadas pelo interesse público.
Conforme Jean Lima, diretor-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a desinformação, embora presente há muito tempo, ganhou uma nova e perigosa dimensão. Ele ressaltou que a desinformação como ferramenta política da extrema direita é a novidade mais recente, intensificada pela proliferação das redes sociais. Jean Lima citou os veículos da EBC como parte da credibilidade do jornalismo como forma de combater a desinformação, como a Radioagência Nacional e a Agência Brasil, agências públicas de notícias, ambas da EBC.
Anne Herrberg, correspondente da ARD (Associação de Empresas Públicas de Radiodifusão da República Federal da Alemanha) na América do Sul, destacou que, para combater as fake news, a entidade tem dedicado mais tempo à checagem de informações e fontes.
O diretor de redação da BBC Brasil em Londres, Caio Quero, defendeu que antes de falar em como combater as fake news é preciso destacar o impacto de ser uma emissora pública no conteúdo e que é importante reforçar a segurança da informação para impactar positivamente no ambiente internacional mais democratizado com as pessoas acessando e produzindo muita informação.
Eneas Carlos Pereira, diretor de Programação da TV Cultura de São Paulo, ressaltou que a desinformação é impulsionada principalmente pela polarização e pelas transformações tecnológicas, que amplificam significativamente o alcance das notícias falsas. Para ele é preciso estar atento porque a forma de comunicação pública não tem acompanhado a transformação que tem acontecido desde o surgimento dessas “fazendas digitais”.
Emissoras públicas são definidas por sua ausência de finalidade comercial e não se vinculação a gestões partidárias, governamentais ou religiosas. Elas são custeadas por verbas públicas ou orçamentos legalmente assegurados, e sua governança é exercida por boards ou conselhos curadores que contam com a participação de representantes da sociedade civil. Consequentemente, canais de televisão e rádio sob controle direto do Estado não podem ser classificados como emissoras públicas de fato.
Com informações da Agência Brasil.